terça-feira, 25 de setembro de 2012

EP "Daquelas que não canto mais" e a trilogia dos ciclos.

          Nesse esquema de escrever e cantar, vamos pausando alguns momentos de nossas vidas e registrando aquilo que chamamos de canção. É um estilo de vida meio despretensioso e,ao mesmo tempo, complexo, uma vez que somos responsáveis por organizar e  definir como serão expostos tais "filhos". E mais do que isso, quando e como será a ordem dessa apresentação ao mundo. É preciso ficar atento às mudanças que vão acontecendo dentro e fora da gente. É preciso ficar atento à linha imaginaria do processo criativo que rege os temas que vão surgindo. E nesse sentido ando explorando e organizando as "crias".
         Após lançar dois EP's: "Pare, olhe, escute" (2010) e "Fotografia das falas" (2012), morar em São Paulo e depois Rio de Janeiro,lugar onde hoje vivo, entrei numa paranoia delirante com relação às canções que tinha gravado até então. 11 no total, ou seja, muito pouco para os anos que se passaram em Natal-RN produzindo e cantando músicas que tinham certo potencial de serem gravadas, mas por questões ocultas ao momento nunca tinha parado para fazê-lo. O fato é que, para caber no orçamento de gravar os 2 EPs, tive que fazer um préjulgamento do que seriam canções mais maduras e escolher para iniciar as gravações. Isso é meio doloroso, porque uma ou outra fica de fora, mesmo sabendo do potencial criativo nelas atribuídas.
             Ao chegar no Rio em 2010, após algumas andanças desnorteadas, conheço o Mineiro João Freitas. Músico guitarrista e produtor que, ao conhecer meu trabalho, logo se empolgou em tocar junto, gravar... Chegamos a ensaiar e passar algumas canções - entre elas "Um Final", primeira faixa do EP. e esse encontro veio numa hora perfeita: momento em que precisava retomar com as atividades musicais e gravar novo material. De certa forma, as conversas e planos nos deixaram empolgados, e era preciso entrar na ativa em terras cariocas imediatamente.

              Passado alguns meses, João precisou retornar para MG ficando a promessa e as conversas virtuais afim de realizarmos um trabalho juntos, gravaríamos com equipamentos de Home Studio. Porém, mais que gravar um novo material, eu desejava registrar canções que havia escrito antes mesmo de nascer o repertório composto nos dois EP's anteriores, um repertorio que estivesse totalmente ligado a mutação literária, e a importância de brincar com o passado de uma forma séria. De como se perceber as mudanças sem deixar de lado um passado produtivo, que sem dúvida tem sua importância. Um passado relativamente distante pros tempos ligeiros de hoje, um passado de 4 ou 5 anos atrás, quando as influências cristãs eram muitos mais presentes e sentidas que hoje. Eu já tinha saído do universo perfeito do catolicismo praticante, mas estas coisas que nascem com a gente são um tanto difíceis de dissolver no tempo.(Nada mais agradável que matar a sede com um copo d'agua, depois de tantos barris de ilusões, certezas e plenitudes empurrados goela abaixo). Esse novo EP fecha a trilogia com um certo simbolismo pagão, que aprendi a não marginalizar. E encaixa num espaço importante para seguir o caminho e produzir o novo.
              Naturalmente, devido ao tempo, ao espaço e aos anos passados, as letras são mais diretas e as metáforas menos abstratas, com uma pegada meio Rock em quase todo o conteúdo e, sonoricamente falando, citando um passado adolescente em que os ouvidos se voltavam muito para as guitarras.
        Um exemplo maior ouviremos na 5° e última faixa, a canção mais quadrada entre todas, o que me fez refletir muito sobre ela entrar no repertório ou não. Mas  taí, é o famoso “tá na chuva, é pra se molhar”. Afinal de contas, foi uma canção pensada 4 anos atras, gosto da letra e da interpretação quase que gritada, é a canção que menos sofre alterações contemporâneas, ela é pura, profana e jovem.   Já nas outras faixas teremos alguns timbres e ambientes bastante reverberados, influência direta dos artistas gringos que ouvia muito na época como Coldplay, Radiohead, Travis, Sigur Ros... além das influências fundidas diretamente com a música mineira, seja em acordes ou em sutilezas adquiridas pelo contato direto com cidades menos urbanas, como João Monlevade-MG. Esse é o local onde residem os músicos participantes: João Freitas, André Freitas e Daniel Bahia. uma outra questão importantíssima, cada formação tem sua pegada, sua forma de se expressar e receber as canções, foi assim com os potiguares, Mineiros, e esta sendo com os cariocas. gosto e valorizo essas diferentes configurações. 

        A capa e contracapa são compostas por 2 quadros pintados pelo artista Mineiro Marcos Câmara. as obras foram digitalizadas, para caber no mundo virtual (foi difícil escrever as informações em cima, mas tentamos  poluir o menos possível). Ainda precisamos discutir sobre o destino das obras (na parede da minha sala ficariam incríveis hehe... a briga vai ser grande, porém faremos algo interessante para todos).
               De 2010 pra cá aconteceram muitas coisas, desde participação em projetos, lançamento de material, a formação da nova banda, e naturalmente nascimento e elaboração de novas canções. tínhamos a expectativa de começar a gravar e lançar logo, pois além de músico muito sensível, o João é o cara mais estranho do mundo quando se empolga (no bom sentido), e isso era muito presente, pois curtia muito as canções e demonstrava com todas as forças. E isso de certa forma me ajudou diretamente, trazendo de volta uma autoestima castigada pela frieza paulista a que fui submetido. Realmente não imaginávamos que para concretizar as idéias iria demorar tanto, e se tornou um "martírio temporal" (importante para ser mais "fiel" a temática cristã do EP) para concluirmos este trabalho. Foi um tanto difícil devido ao tempo. Mas não podia desistir, pois costumo cumprir as promessas, por simplesmente valorizar a importância enorme de cada momento, e respeitar as expectativas das pessoas que resolvem unir forças. As afinidades eram incontáveis. Mas isso não bastava, tínhamos um limite, e esperar demais impediria a realização e o encaixe do trabalho como 3° EP, já que iniciava a produção do disco com novos músicos, e era preciso fechar a trilogia logo, para me sentir realizado com o material lançado e conseguir seguir produzindo novo material com os parceiros de banda carioca.
            Após o 'é agora ou nunca' se expor, o João veio pro Rio e passamos 5 dias enfurnados no apartamento gravando, em meio ao barulho da Lapa, o elevador do século passado, e as intervenções dos parceiros de casa e banda Bruno Carneiro, Pablo Matos e Vini Machado (que foram muitos pacientes diga-se de passagem) 
             Usamos interface tascam US 800, emprestada gentilmente pelo Músico Rogério Castro, e um microfone Behringer C1 para as vozes. Foi interessante esperar os intervalos do elevador, ou quando o bairro lá fora parecia silencioso, também houve momentos em que era preciso ter paciência , mesmo estando no 10° andar do prédio, a musica urbana penetrava no ambiente algumas vezes deixamos vazar mesmo, a sala não era isolada, (mais pra que isolar-se?) foram dias exaustivos produtivos e esperançosos.
 
           E chegamos em mais uma fase demorada: após o retorno do João para João Monlevade, os encontros eram feitos online pois os arranjos eram coletivos, e as sessões de gravação aconteciam de forma em que eu sempre estava conectado acompanhando e participando das criações. e até tocando online. A maior dificuldade foi a sincronização dos horários (considerando os relógios, duas cabeças se enrolam mais que uma) e passaram-se meses tentando organizar e evoluir. Porém, na 2ª oportunidade que tivemos de estarmos juntos e ao vivo já em agosto (desta vez em MG), as coisas fluíram de maneira impressionante, com certeza pela prática virtual de criar os arranjos. Ao vivo era tranquilo. E de fato muito foi feito: aproveitei para gravar algumas guitarras, e também pude acompanhar algumas sessões com André Freitas (Bateria, Baixo e mixagem). Foi um longo processo, mas gostamos dos resultados.
       Na medida em que o tempo passa vou tentando agregar cada vez mais imagens as letras, meio que provocar fotografias com o que elas dizem, portanto cheguei a comentar com o João sobre todas as canções terem vídeos, nem que sejam caseiros mesmo, para postar no lettotv. Então decidimos  lançar todas já desta forma, mas como devem ter percebido não rolou devido imprevistos, (conseguimos fazer isso com  "Um Final"  ) vamos lançar na seqüência os vídeos de “Inércia” e “somos quadros” porem sem datas pré definidas, para podermos darmos passos acessíveis. Quanto a estes vídeos a qualquer momento colocaremos no ar estas singelas visões.

              A esta altura do campeonato, sei que o texto está meio grande para postar no twitter, e não me resta mais nada a fazer a não ser expôr o material. Espero que vocês também gostem, e explorem o fato das canções serem nascidas antes mesmo de todas as faixas que vocês conhecem até agora. Para mim é muito mais que um 3ºEP, são muito mais que 5 canções... é ao mesmo tempo a afirmação de um estilo de vida. são ao todo16 faixas que fazem parte de mim e dizem muito sobre o amanha. passagem para um novo ciclo, uma simbólica transição entre o que foi escrito e vivido em Natal, e o agora, com todas as influências absorvidas pelas mudanças submetidas pelas metrópoles, e pelos amores urbanos e poéticos que me atingem. Chegou a hora de encaixar a ultima peça de um quebra cabeça existencial e geográfico que norteia as inspirações futuras!

Meus agradecimentos aos músicos Mineiros que fizeram com que esse trabalho fosse concretizado. E que venham as novas inspirações de acordo com o tempo-espaço vividos! bom passeio!

Ouça, baixe e crie uma nova pasta:

Letto: voz

João Freitas: Guitarra e contrabaixo

Bateria: André Freitas


Letto: voz

João Freitas: contrabaixo e guitarras

André Freitas: bateria


Letto: voz e guitarra

João Freitas: Guitarra

Daniel Bahia: violão e guitarra


Letto: vozes, guitarras e Ukulele

João Feitas: contrabaixo e guitarras

André Freitas: Bateria


Letto: vozes e guitarra

João Freitas: Guitarras

André Freitas: Bateria e contrabaixo




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